CORAÇÃO MAÇONICAMENTE BEM FORMADO
Ano 12 – Artigo 30 – Número Sequencial 679 – 29 Julho 2018
A frase, acima, de Euclides da Cunha, célebre escritor modernista e Maçom é uma sentença universal e atemporal lavrada por ocasião de sua visão, in loco, da Guerra dos Canudos, lá pelos anos de 1896.
A obra, que é uma mescla de relato histórico e reportagem jornalística, nos brinda com esta reflexão, uma explícita instrução maçônica.
Ela não é passada nas sessões de instrução, não se encontra nos compêndios que analisam as alegorias e nem está velada em símbolos. Infelizmente, passa despercebida por aquele que ainda não viu a Luz e muitos que ainda não compreenderam que somos copartícipes do neófito em todas as Sessões de Iniciação.
A cada viagem e compromisso assumido, todos nós devemos relembrar e reafirmar nossos juramentos. Portanto, se em algum momento de nossa vida, nos é pedido um pequeno auxílio para os necessitados, DEVEMOS socorrê-lo.
É preciso, porém, abstrair para além do verbo DEVER, conjugado no presente do indicativo ou no pretérito perfeito. Para o maçom, a conjugação do verbo DEVER se estende também para o futuro do presente, ou seja, DEVEREMOS, o que amplia seu significado para DEVEMOS para sempre, numa ideia de continuidade, permanência e repetição positiva do hábito, até transmutá-lo em virtude.
Mas, a parte central da citação de Euclides da Cunha está no “coração bem formado”. Os egípcios acreditavam que o coração era a sede da alma e não o retiravam durante o processo de mumificação, pois, no Tribunal de Osíris, seu peso é que decidiria se o dono mereceria o paraíso.
Aristóteles e Pitágoras também compartilhavam a idéia da magnitude espiritual do coração e a importância de sacralizá-lo ou, pelo menos, não contaminá-lo com as práticas oferecidas “pelas sociedades atuais com sua moral mercantil e egoísta”.
Ensinava Pitágoras: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.”
Portanto, devemos compreender que os metais conquistados não podem ser o propósito final para o qual dedicamos nossa energia no trabalho, sob pena de passarmos toda nossa vida apenas no vazio dos superficiais relacionamentos do interesse comercial e das vantagens financeiras.
UM CORAÇÃO MAÇÔNICO BEM FORMADO SENTE ANGÚSTIA QUANDO SE DEPARA COM A IMPOSSIBILIDADE DE SOCORRER DA MISÉRIA OS DESERDADOS DA SORTE E OS DESAMPARADOS PELA SOCIEDADE.
Reservemos sempre um pouco dos metais para o Tronco de Solidariedade. O grande tesouro do Maçom é composto por valores morais. Devemos estar permanentemente despidos das vaidades e luxos da sociedade profana.
DEDICO este artigo aos queridos Irmãos das ARLS Portal do Paraíso 264,
Neste décimo segundo ano de compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura, enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudos das Lojas.
Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônico.
Sérgio Quirino
Grande Primeiro Vigilante
GLMMG