Um estudo recentemente divulgado pelo National Bureau of Economic Research comprovou, pela enésima vez, que eventuais diferenças salariais entre homens e mulheres exercendo as mesmas funções NÃO são resultantes de discriminação de gênero, mas decorrem de outros fatores bem objetivos. O estudo em questão analisou os ganhos de mais de um milhão de motoristas de […]
Um estudo recentemente divulgado pelo National Bureau of Economic Research comprovou, pela enésima vez, que eventuais diferenças salariais entre homens e mulheres exercendo as mesmas funções NÃO são resultantes de discriminação de gênero, mas decorrem de outros fatores bem objetivos
O estudo em questão analisou os ganhos de mais de um milhão de motoristas de Uber, nos Estados Unidos. Eis o resumo:
“Documentamos uma diferença de renda de aproximadamente 7% entre os motoristas. Explicamos completamente essa lacuna e mostramos que ela pode ser inteiramente atribuída a três fatores: experiência na plataforma (aprender fazendo), preferências sobre onde trabalhar (impulsionados principalmente por onde os motoristas vivem e, em menor escala, segurança) e preferências por velocidade de condução. Não achamos que homens e mulheres sejam afetados diferencialmente pelo gosto por horas específicas, pela intensidade de trabalho dentro de uma semana ou pela discriminação do cliente.”
Os pesquisadores descobriram que a velocidade da condução, sozinha, representa quase metade da discrepância de ganhos. Os motoristas de Uber são pagos com base no tempo e na distância, e os pesquisadores observaram que é mais lucrativo para os motoristas fazerem mais viagens do que viagens mais longas. Assim, os motoristas têm um incentivo para deixar rapidamente um cliente e pegar outro. Porque os homens dirigem mais rápido, eles podem fazer mais viagens e, portanto, obter mais ganho por hora.
Além da velocidade, mais de um terço da diferença salarial entre motoristas dos gêneros masculino e feminino pode ser explicada pela experiência e pelo aprendizado no trabalho. As mulheres dirigem para a Uber com menos frequência e desistem mais cedo do que os homens. Os motoristas que completam mais de 2.500 viagens, segundo os pesquisadores, ganham 14% a mais por hora do que os motoristas iniciantes. Com a experiência, os motoristas aprendem a ser estratégicos, pois já sabem quais horários e lugares atraem mais clientes ou quais viagens eles não devem aceitar.
A terceira razão que os pesquisadores descobriram para a diferença de remuneração entre motoristas Uber masculinos e femininos pode ser atribuída à localização. Eles observaram que os homens dirigem em locais mais lucrativos. Já as mulheres evitam dirigir em lugares que podem ser mais arriscados, como áreas ao redor de bares e bairros de alta criminalidade.
Moral da história: as eventuais diferenças salariais são muito mais uma conseqüência das escolhas individuais de homens e mulheres do que qualquer outra coisa.
João Luiz Mauad
10 JUL ’18