O CONTO

 

 

Autor desconhecido

 

A burra da formiga trabalha duro o ano todo, constrói a sua casa e acumula provisões para o Inverno.

Enquanto isso, a cigarra passa os dias na academia, nas baladas ou se produzindo para passar as “nights” com as amigas #girlpower .

Chegado o inverno, a formiga refugia-se em casa onde tem tudo o que precisa até à primavera.

A cigarra, cheia de frio e de fome, vai ao programa da Fátima Bernardes queixar-se que não é justo que a formiga tenha direito a casa e comida enquanto outros, com menos sorte que ela, passem frio e fome. O Mion e o Hulk dizem que é uma vergonha.  A Globo não perde a oportunidade e faz uma transmissão direta da porta de casa da formiga, passando imagens da formiga no quentinho, com a mesa cheia de comida.

O povo fica revoltado ao saber que o Brasil deixa a pobre cigarra sofrer enquanto outros vivem com fartura!

É organizada uma marcha de apoio à cigarra. #somostodoscigarra.

É feito um especial no Fantástico onde se questiona como é que a formiga enriqueceu às custas da cigarra. De um lado da bancada, os defensores da igualdade (pró-cigarra), do outro lado, os sem-coração (que defendem a egoísta e insensível formiga).

Em resposta às mais recentes sondagens, o STF se prepara para aprovar  uma lei proposta pelo PSOL sobre a igualdade econômica com efeitos retroativos desde o verão passado.

Os impostos da formiga aumentam consideravelmente e ela ainda leva uma multa por não ter prestado assistência à cigarra. Os seus impostos do INSS também sobem, de modo a serem justamente partilhados com a cigarra. #rendimentominimo.

A casa da formiga é penhorada por ela não ter conseguido pagar os impostos.

A formiga, decepcionada, faz as malas e emigra para um país onde o seu esforço seja reconhecido e onde possa desfrutar dos resultados do seu trabalho árduo.

A antiga casa da formiga é convertida numa república para cigarras que, irresponsavelmente, não param de fazer filhos para que possam viver do Bolsa Inseto. O pouco que recebem dos descontos da formiga mal dá para os bens essenciais como, por exemplo, tênis da Nike, cerveja Heineken, unhas de porcelana, etc…

A casa deteriora-se por falta de cuidados.

O governo é fortemente criticado pela falta de subsídios colocados à disposição da cigarra, que agora vive em condições quase subumanas.

O PT propõe uma comissão de investigação multipartidária que custará milhões de Reais aos cofres públicos.

Entretanto a cigarra morre de overdose.

A mídia garante que a morte da cigarra deveu-se à COVID por falta de leitos de UTI e por falta de apoio social por parte do governo, que falhou em vacinar a população e em acabar com as desigualdades sociais e a injustiça econômica. Que nem migrar para as florestas a cigarra não pode porque o país foi todo desmatado.

A casa acaba por ser ocupada por uma família de aranhas imigrantes, traficantes de droga, que aterrorizam a vizinhança.

E a oposição felicita-se por ter contribuído para promover a diversidade cultural no país.

 

 

FONTE:- https://www.puggina.org/outros-autores-artigo/o-conto-__17560

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