Bodas de ouro na América

tsmaia

Não deixa de ser interessante e muito peculiar a estória que contam, daquele casal americano que celebrou, em princípio, com tranquilidade suas bodas de ouro. Conseguiu atingir a marca singular dos seus cinquenta anos de casado, naquele país alvissareiro do Norte em que se procuram extravasar com estardalhaço, os seus momentos especiais. Por outro lado, a imprensa da grande região entrou em polvorosa, com o acontecimento. Que enorme agitação. Que confusão, Santo Deus. Um tumulto indescritível. Coube a um pacato jornalista entrevistar os Felizes Aniversariantes… Aparentavam calma, diante dos que festejavam imprudentemente o acontecimento incomum, digno de consagração histórica. Um grupo de pessoas quase grosseiras, de comportamento incontido, apresentava-se com maus instintos demonstrando até mesmo  índole, de canalhice… Era notável que queriam festejar os amigos com prazer e com imprudência! Para todos os felizardos era um quadro celeste, em dia iluminado!

A custo o insistente jornalista conseguiu acalmar a turba isolando o casal para que relatasse diante de todos os curiosos episódios que mantiveram o mesmo casal unido durante a metade de um século imenso.

E assim, ocorreu:
Um belo dia, o dito Cow boy viu publicado no quadro de aviso do movimentado bar da cidade um oferecimento de uma casadoira já divorciada que se candidatava a novo enlace demonstrando, agora, grandes vantagens pela rica experiência que tivera com o primeiro encontro, matrimonial.

O pretendente que possuía características de boas praticabilidade, foi ao seu encontro e incontinente resolveu sem mais delongas enfrentar aos desafios da proponente.

Casaram-se e partiram para a fazenda distante onde aquele novo senhor trabalhava exaustivamente, dos nascentes aos pores do sol, depois que atrelam ao jumento todas as trouxas da patroa e se acomodarem satisfatoriamente montados ao pequeno animal. Ele se comportou muito bem ziguezagueando pelo tortuoso caminho. Apesar de todo esforço foi infeliz ao tropeçar em traiçoeiras pedras pelo caminho. O nosso intrépido boiadeiro do oeste visivelmente alarmado gritou nas orelhas do animal desatento:
– PREMEIRA!…

E seguiram incólumes, adiante.

Quando tudo parecia calmo, desavisadamente o jumentinho intrépido tropeçou novamente, abalando a segurança do casal que transportava.

O vaqueiro não perdoou e aos berros registrou a reprimenda:

– SEGUNDA.

E, lá se foram em frente…

Foi então que o animal tropeçou como se fosse rotundeiramente.

Agora, sem fazer o menor alarde o cavaleiro, como um rei fez a madama apear da montaria e, comedidamente, puxou sua arma reluzente e disparou repetidamente contra o animal que ficou inerme.

Aterrorizada como se possessada a mulher não se conteve. Aos gritos soltou o seu desapontamento:

– Oh! Seu degenerado mental!
– Oh! Seu inconsequente!
– Esse jumento era a única coisa que a gente possuía pra começar nossa vida.
– Como vai ser possível suportar um golpe desse jeito, tão mortal?
– Eu não vou aguentar uma vida dessa…
E
– Blá-blá-blá.

O sereno vaqueiro ouvindo a reprimenda e recompondo-se da atitude tomada aproximou-se da mulher amada para deixar bem claro ao seu ouvido sem o menor constrangimento, mas, de forma dura e inesquecível:

-PREMEIRA!

Consta que viveram felizes para sempre.

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