Alex Pipkin, PhD
Nós, seres humanos, possuímos a capacidade imaginativa de nos colocarmos numa posição empática, simpática à la Adam Smith, e elaborar sentimentos de tristeza, de alegria, enfim, que outras pessoas possam estar sentindo.
Não, não é preciso ter o tal “lugar de fala”…
A tomada de Cabul pelo Talibã representa um retrocesso tão grande à barbárie, que basta ver as cenas deploráveis de indivíduos afegãos se grudando aos cascos de aviões para tentar escapar de uma realidade já vivida de violência e de totalitarismo. Puro horror.
Eles sabem bem que a mentira, a violência e a tirania são características de grupos extremistas. Sentiram na pele.
Na primeira coletiva de imprensa, um dos líderes do Talibã, desejou passar ao mundo uma mensagem de moderação, claro, desde que tudo se enquadre dentro das estruturas das leis islâmicas do próprio Talibã, ou seja, uma leitura ultraconservadora do Alcorão.
E quanto às mulheres? Para essa turma, mulheres são seres inferiores. Embora a retórica seja da moderação, o grupo extremista governou anteriormente impondo um reinado brutal e de misoginia.
Mulheres compulsoriamente deveriam estar cobertas com burcas e só podiam sair com a permissão por escrito de homens, seus donos.
Penso que a interpretação própria da doutrina islâmica não deve se alterar; os direitos e as liberdades individuais continuarão a não existir para esses extremistas.
Não acredito na transformação da espécie extremista.
Pois bem, o descrito acima me parece idêntico à situação e à sensação de homens e de mulheres que viviam uma vida digna, com paz e prosperidade em seus países, Venezuela e Argentina – e outros recantos – suportadas pelas liberdades individuais e econômicas, até a chegada de líderes autoritários e adeptos da ideologia coletivista da destruição e do fracasso, quando esses se apoderaram de suas nações e de seus sonhos.
O fanatismo religioso e ideológico são irmãos siameses, que torturam de maneiras distintas e, por vezes, iguais.
O mundo e os seres humanos não são perfeitos; vivemos guerras, exploração, fanatismo, racismo, escravidão de negros e de brancos, e muito mais.
Mas a história da humanidade atesta cabalmente que a paz, o progresso e o desenvolvimento econômico e social ocorrem fundamentalmente em ambientes que respeitam a dignidade humana, e operam com a liberdade econômica.
Se retrocedermos no tempo, e analisarmos os últimos 20 anos, constataremos que no mesmo Afeganistão, apesar de todos os pesares e a convivência com a pobreza, as pessoas lá viviam com relativa paz e relativa prosperidade. Muito triste…
Alex Pipkin,
–Consultor empresarial, PhD em Administração · Pipkin Consulting,
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
É coordenador do MBA em Gestão da Produção e Logística e
do MBA em Gestão Estratégica de Compras da Unisinos/RS.
Foi conselheiro do Concex, Conselho de Comércio .