Januário da Cunha Barbosa

Cônego

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 10 de julho de 1780, e faleceu em 22 de fevereiro de 1846, na mesma cidade.

Filho do português Leonardo José da Cunha Barbosa e da brasileira Bernarda Maria de Jesus.

Em 1801, concluiu os estudos no seminário, tomou ordens de subdiácono e, dois anos depois, foi sagrado sacerdote pelo bispo do Rio de Janeiro, D. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco.

Em 1805, esteve, em Portugal, observando e aprendendo, principalmente com os grandes oradores sacros. Quando a Corte portuguesa aqui se instalou foi nomeado pregador régio da Capela Real do Rio de Janeiro, que vinha de ser criada. Desde logo, mostrou-se um grande orador, ombreando com os maiores de seu tempo.

O barão de Ramiz, historiador da oratória sacra no Brasil, escreveu em O Púlpito no Brasil “Era Januário dotado de uma voz cheia, sem aspereza, e de uma fisionomia expressiva e amena. Seu porte tinha essa majestosa conveniência, que tanto impõe sobre um auditório.

Sua eloquência era persuasiva sem esforço, encantadora sem afetação, flexível e apaixonada às vezes, como a de Massilon; seus quadros eram traçados com arte, suas imagens cheias de vida e de conveniência, seus símiles revelaram a lição dos grandes mestres, e o depurado gosto do orador; frequentes vezes seu pincel traçou elegantes retratos oratórios, que bem deixam ver quanto se nutria seu gênio das fecundas lições dos grandes mestres.”

Além de pregador, Cunha Barbosa, membro do Grande Oriente do Brasil, foi jornalista e político dos mais atuantes. No Reverbero Constitucional Fluminense, que fundou com Joaquim Gonçalves Ledo em 1821, fez a campanha da independência.

Foi ele quem, pela primeira vez, disse, de público, nesse jornal, ao príncipe D. Pedro: “Príncipe, não desprezes a glória de ser o fundador de um novo Império.” Do grave desentendimento entre os grupos de Ledo e dos Andradas, resultou sua prisão e seu exílio, durante um ano, em Paris.

Ao regressar, após a queda dos Andradas, foi eleito deputado pelo Rio de Janeiro, em 1826. Dirigiu a Tipografia Nacional e o Diário do Governo. Em 1838, com o marechal Cunha Matos, seu companheiro no Conselho da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, propôs a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual seria a força propulsora e secretário perpétuo.

Dedicou-se inteiramente à instituição que, graças principalmente ao seu esforço, veio a ser a responsável pelo estabelecimento de uma história científica no Brasil. Suas últimas palavras atestam seu amor pelo IHGB:

“Meu amado Brasil, meu querido Instituto, adeus!” Foi também sócio correspondente fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Uruguai. Sua atividade jornalística não se limitou ao Reverbero Constitucional Fluminense.

Em 1834, outro dos momentos decisivos de nossa evolução política, lançou o jornal Mutuca Picante. Feijó Bittencourt, em Os Fundadores do IHGB, escreve: “O jornal Mutuca Picante foi que mais popularidade deu a Januário no momento.

A situação era de extremarem-se os partidos políticos, e também da luta entre dois homens: Januário e Bernardo de Vasconcelos. Esta luta se travava através da imprensa.

O jornal de Januário trazia artigos de fundo, em oposição à política de B. P. de Vasconcelos e a seu Órgão Sete de Abril com o qual entreteve renhida polêmica…”

O cônego Januário sempre foi assim: grande orador, espírito liberal, grande polemista. Nos seus últimos anos, foi examinador sinodal, historiador do Império e diretor da Biblioteca Nacional.

Pertenceu a diversas instituições culturais do Brasil e do estrangeiro e publicou livros de poesia, estudos biográficos, discursos e sermões, muitos desses trabalhos na R. IHGB.

Autor dos livros: Parnaso Brasileiro, 2 vols. – Investigações sobre as Povoações Primitivas da América – Niterói (poema). – A Rusga da Praia Grande (Comédia). O Pesadelo (poema herói-cômico).

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