Napoleão Bonaparte e a Maçonaria

 

Ilustração:- Napoleão Bonaparte (1769-1821)

César Vidal
 02/10/2021

 

A Revolução francesa tinha deixado claro o considerável papel da maçonaria como elemento de erosão de qualquer poder constituído. Pode-se argumentar que é possível que a própria maçonaria tenha sido superada pelo monstro que criou e que alguns irmãos maçons pagaram por isto – literalmente – com a cabeça. No entanto, a capacidade subversiva desta sociedade secreta é inegável. Poucos souberam extrair melhor as lições pertinentes da Revolução que um general de origem corsa chamado Napoleão Bonaparte.

Há especulações sobre uma possível iniciação de Napoleão na maçonaria, que teria ocorrido em 1798, na ilha de Malta e no seio de uma loja maçónica formada maioritariamente por militares. As provas não são de todo conclusivas, mas não há dúvida de que Bonaparte utilizou conscientemente a maçonaria como um instrumento político.

Os dados a respeito são bem significativos. Quatro dos irmãos de Napoleão – bem como seu pai – foram maçons. Este foi o caso de José, que seria rei de Espanha; de Luís, rei da Holanda; de Luciano, príncipe de Cannino; e de Jerónimo, rei da Westfália. Não terão sido excepções. Joaquín Murat, cunhado de Napoleão e marechal, e o seu enteado Eugénio de Beauharnais também foram maçons. Em relação aos marechais de Napoleão – e este é um dado bem significativo da penetração maçónica no exército – , vinte e dois entre os mais importantes eram “filhos da viúva”.

Napoleão tinha o firme propósito de controlar as lojas maçónicas e com certeza conseguiu. Quando Bonaparte tomou o poder, a maçonaria francesa encontrava-se dividida entre o Grande Oriente e o Rito Escocês. Ele conseguiu, assim, que José Bonaparte fosse eleito Grão-Mestre do Grande Oriente, enquanto Luís conseguia o mesmo cargo no Rito Escocês. Em Dezembro de 1804, ambas as obediências fundiram-se, com José como Grão-Mestre. Na sua imbricação com a maçonaria, Napoleão chegou ao ponto de forçar a entrada de mulheres nas lojas maçónicas para outorgar a Josefina o cargo de Grão-Mestra.

Dificilmente se pode dizer que Napoleão fosse defensor da liberdade; ele era, sim, consciente da utilidade da maçonaria. Esta permitia-lhe – como manifestaria no seu Memorial de Santa Elena – contar com um exército que lutava “contra o papa”, manter, com vigor as forças armadas sob controle e a polícia nas suas mãos, além de lhe proporcionar um instrumento de captação e propaganda favorável ao domínio francês da Europa.

Um maçom, compôs o seguinte hino de louvor a Napoleão:

Eis aqui o que conseguem o ouro e a traição:
Sozinho te vês, orgulhoso ilhéu!
Vais prolongar a tua luta temerária?
Treme. Os deuses apoiam Napoleão.
Cede ou muito em breve este nobre grito de guerra
Ressoará nas entranhas de Albion:

Viva Napoleão!

É difícil acreditar que espanhóis, austríacos, russos ou prussianos compartilhassem o entusiasmo maçónico por Napoleão e não foram poucos aqueles que se sentiram indignados quando ele, em 1810, fez o papa prisioneiro e anexou os Estados Pontifícios. Mas se este episódio, que provocou horror nos católicos e em muitos que não o eram, causou regozijo entre os maçons. Napoleão não só estava vencendo as trevas clericais como, além disso, estava expandindo o ideário da Revolução francesa.

Não causa surpresa que, quando os prefeitos franceses levaram ao fim uma investigação para saber se os maçons eram leais, o resultado foi que todas as lojas maçónicas se identificavam com Napoleão.  A única excepção encontrava-se no cantão de Genebra, que tinha sido invadido em 1798 por tropas francesas. No resto dos países invadidos por Napoleão, a maçonaria também estava a desempenhar um papel de significativa importância. As forças invasoras e de ocupação foram criando, no seu caminho, lojas maçónicas nas quais tentavam integrar as elites nacionais, que, desta forma, ficavam submetidas a Napoleão. Foi assim, pela mão dos invasores franceses, que a maçonaria chegou à Espanha.

 

FONTE:- Napoleão Bonaparte e a Maçonaria – Maçonaria e Maçons (freemason.pt)

 

 

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