cecília meireles

  • JULIANA PASSOS
    02 DEZ 2018
Retrato de Cecília Meireles (Foto: Reprodução)

Cecília Meireles foi tradutora, jornalista, pintora, professora… Além de, claro, escritora. Um dos mais importantes nomes da literatura brasileira do século 20, seus poemas não podem ser enquadrados em apenas uma escola literária. Enquanto jornalista, escreveu sobre educação e exerceu papel atuante em defesa de um ensino de qualidade. Nascida no dia 7 de novembro de 1901, faleceu em 9 de novembro de 1964, vítima de câncer.

Conheça a seguir detalhes da vida da escritora a partir de algumas curiosidades e momentos marcantes de sua trajetória:

Órfã e viúva muito cedo
Três meses antes de Cecília nascer, Carlos Alberto de Carvalho Meirelles, seu pai, faleceu. Quando Cecília tinha três anos, sua mãe Mathilde Benevides também partiu. A menina foi criada pela avó materna Jacinta Benevides, de quem herdou o gosto pelo folclore brasileiro e a levou para aulas de canto e violino. Outra morte trágica foi a de seu primeiro marido, o pintor português Fernando Correia Dias, com quem se casou aos 20 anos, em 1921, e teve suas três filhas. Fernando se suicidou em 1935. O sentimento de angústia e de dor da escritora foi registrado em uma carta a amigos que pode ser lida aqui.

Prêmio aos 9 anos
O primeiro reconhecimento de seu talento enquanto escritora veio aos nove anos e das mãos de quem sabia o que fazia. Era nada menos que o inspetor escolar do estado do Rio de Janeiro e grande nome do período modernista, Olavo Bilac. Em 1938 ela recebe o prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras pelo seu livro Viagem. Apesar de um segundo prêmio da ABL, após sua morte, que reconheceu o valor da totalidade de sua obra, Cecília nunca ingressou na Academia, formada apenas por homens no período em que viveu. A primeira mulher a ingressar foi Rachel de Queiroz, em 1977.

Encontro frustrado com Fernando Pessoa
Em 1934, Meireles viaja para Portugal para uma série de conferências nas universidades de Coimbra e Lisboa e aproveita para entrar em contato com o escritor Fernando Pessoa por intermédio de um grande amigo. Depois de horas de espera em um café na capital lusitana, ela retorna ao hotel e encontra um recado. No bilhete, Pessoa avisava que não pôde encontrá-la por ter sido desaconselhado em seu horóscopo matinal. Como pedido de desculpas, ele deixa um exemplar no seu livro Mensagem, única obra do poeta português publicada em vida.

Centro cultural é fechado por Vargas
Autora de inúmeros livros para o público infantil e ativa defensora de uma educação pública, laica e alto nível como uma forma de diminuir as desigualdades do país, Cecília foi uma das fundadoras do movimento Escola Nova em junto a outros intelectuais da década de 1920 no Brasil. Em 1934 cria com o  marido Fernando Dias o Centro de Cultura Infantil, uma biblioteca para crianças. Crítica do presidente Getúlio Vargas, a quem chamava de “O Ditador”, Cecília teve seu centro fechado em 1937 diante de denúncias de que ali haveria livros de conteúdo educacional duvidoso. O principal motivo da discussão foi a presença de um clássico do escritor americano Mark Twain, As Aventuras de Tom Sawyer.

Vida mais leve
A professora e poeta da Universidade Federal de Sergipe, Maria Lúcia Dal Farra, conta que a grafia inicial do sobrenome de Cecília era com dois “l”e que a mudança teria vindo após a carta de um desconhecido que se identificou como médium e sugeriu a eliminação de uma letra para “tornar a vida mais leve”. A mensagem chegou em um momento de fragilidade, após o sucidío do primeiro marido e a necessidade de trabalhar dobrado para criar as três filhas. Como podemos perceber, ela acatou a sugestão.


Nota em homenagem à Cecília Meireles
(Foto: Divulgação)

Valor monetário
A Casa da Moeda fez uma homenagem à Cecília em 1989 e colocou seu rosto como fundo da nota de 100 Cruzados Novos. A nota não circulou por muito tempo como sabemos, já que o Plano Real veio logo em seguida, cinco anos depois.

Poeta, não poetisa
O vocabulário da língua portuguesa ainda considera “poeta” apenas como substantivo masculino, mas Cecília nunca gostou de ser chamada de poetisa. Para ela, significava uma diminuição do seu trabalho, como se a chamassem de mulher “prendada”. Um sentido que até hoje se mantém, em oposição ao de poeta, que esse sim, teria sempre algo a dizer. O aviso de preferência está inclusive registrado em um poema Motivo.

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Original – https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/12/cecilia-meireles-conheca-sete-curiosidades-sobre-vida-da-escritora.html

Facebook Comments

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *