O PRETO NA MAÇONARIA

Sérgio Quirino
Saudações, estimado Irmão!
O PRETO NA MAÇONARIA
O grande mito da Maçonaria brasileira: Maçons são homens de preto.Todo mito nasce e é alimentado por narrativas simbólicas, que usam imagens relacionadas à cultura e ao tempo em que se manifestam. E tais acontecimentos se desenvolvem em ritos.

Assim, encontramos o mito de que a roupa do Maçom é o terno preto e o rito é vestir-se de preto para os trabalhos maçônicos.

Este mito, a princípio, não mereceria destaque, tendo em vista que várias entidades possuem seus trajes. Os operadores do Direito, por exemplo, usam sempre terno em audiências e os juízes são togados para o exercício de sua função judicativa. Assim ocorre também em diversas atividades e categorias de pessoas que uniformizam suas vestes para caracterizar seus ritos próprios.

Então, a questão que merece destaque está na cor do traje. No caso da Maçonaria, na cor do terno. O preto é a cor mais mal compreendida e a mais questionada.

A cor preta ou negra é a mais escura do espectro de cores do conhecido “Disco de Newton”. É definida como a ausência de luz. É a cor que absorve todos os raios luminosos, não refletindo nenhum e por isso aparece como desprovida de clareza.

Quando qualificamos a cor preta como ausência de luz, naturalmente somos remetidos simbolicamente para as trevas da ignorância. Assim se agigantam os demônios da mitificação.

Talvez, por uma analogia muito criativa, há os que afirmam que usamos o preto como proteção das radiações/vibrações negativas. Se assim fosse, o preto não estaria também bloqueando as radiações positivas emanadas pelos Irmãos?

Há ainda, os que, também, em criativa imaginação, chegam à mitologia romana, ao deus Saturno (Deus do Tempo, da Velhice, da Morte) e entendem que o preto é a sua cor simbólica. Daí são traçadas as interpretações de que o tempo é a paciência, a velhice a sabedoria, a morte é o desprendimento. Pode até ser aceitável, mas não tem nada a ver com o terno preto usado na Maçonaria.

Por essas razões simbólicas é que a cor preta está ligada ao luto, mas não é uma regra universal. Em alguns países da África é o branco que se relaciona à morte. No Antigo Egito, o preto é a cor da ressurreição e da vida eterna.

Sic Transit Gloria Mundi. Assim, das trevas surge a Luz e nos alerta para a transitoriedade de tudo.

O primeiro ponto para desmitificar o traje maçônico é que o traje, de fato, do maçom são seus paramentos. Eles devem ser usados sobre uma vestimenta padronizada pela Potência/Obediência, visando unicamente uma uniformização do quadro de obreiros.

Pelos nossos padrões culturais, o terno preto é a configuração de uma vestimenta que representa a elegância, a sobriedade e inspira respeito. No Brasil, o terno preto é padrão em todas as Lojas Maçônicas, mas não é unanimidade mundial. O que se respeita em qualquer loja, nos quatro cantos da Terra é a recomendação do uso de roupas adequadas ao ambiente e propósitos da Ordem.

Mas, por que o preto? Ora, porque preto é preto! É único. Se fosse azul, teríamos uma infinidade de nuances de tons de esverdeados a avermelhados, assim como nas demais cores do espectro. Nesses casos, a vaidade e ostentações seriam comuns e claramente inadequadas aos nossos trabalhos e princípios.

Quando todos nós usamos terno preto não se salientam as divisões sociais e econômicas. Logicamente, há diferenças entre tecidos e cortes, mas terno preto é tudo igual, assim como devem ser nossos propósitos e nossa fraternidade.

O QUE, DEFINITIVAMENTE, DEVE SER MOTIVO DE ORGULHO PARA O MAÇOM USAR O TERNO PRETO EM LOJA É QUE, NA NOSSA CULTURA, ELE REPRESENTA A ELEGÂNCIA E A DISCRIÇÃO.

DEDICO este artigo aos Irmãos da ARLS Acácia Bocaiuvense 149 do oriente de Bocaiúva e da ARLS Acácia de Santa Mônica 253 do oriente de Belo Horizonte. Obreiros de cerne firme e determinação em cumprir nossa missão, pois a Acácia lhes é conhecida. Vamos em frente!

Neste décimo segundo ano de compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura, enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudos das Lojas.

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônico.

Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grande Primeiro Vigilante
GLMMG
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