O Templo

O que é o Templo

Rizzardo da Camino

Mas o que é o Templo? Aqui não podemos abrir mão dos Evangelhos. E tampouco omitir a parcela que o Novo Testamento possui como prova de que Jesus de Nazaré abriu novos horizontes e novas dimensões à Maçonaria.

Quer se aceite sua origem essênica, quer se aceite sua origem messiânica, pondo-se de lado o aspecto dogmático, temos em Jesus de Nazaré e no Cristianismo um marco sólido do que poderíamos denominar de Maçonaria espiritualista.

Certa feita, ao se aproximar a festa pascal dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém e entrou no Templo, como era de seu hábito; ali encontrou gente a vender bois, ovelhas e pombos, e cambistas que lá se tinham estabelecido. Fez um azorrague de cordas expulsou-os todos do Templo, juntamente com as ovelhas e os bois, arrojou ao chão o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas. Aos vendedores de pombos disse: “Tirai daqui essas coisas e não façais a casa de meu Pai de mercado”. Recordaram-se então os seus discípulos do que diz o Salmo 68: “O zelo pela tua casa me devora”. Os judeus, porém, protestaram, dizendo-lhe: “Com que feito poderoso provas que tens autoridade para fazer isto?” Respondeu-lhes Jesus: “Destruí este Templo, e em três dias o reedificarei”.

Disseram os judeus: “Quarenta e seis anos levou a construção deste Templo, e tu pretendes reedificá-lo em três dias?”

Ele porém se referia ao Templo de seu corpo.

É então que encontramos pela primeira vez o verdadeiro significado do que seja um Templo!

São Paulo, alguns anos após repetia:
“Não sabeis que sois Templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós? Quem destruir o Templo de Deus será por Deus destruído; porque o Templo de Deus é santo. E isto sois vós.”

Eis o que é um Templo Maçônico. E será para penetrar nesse templo que o candidato é colocado na Câmara das Reflexões.

Isto abre uma nova dimensão para o homem.

* * *

É evidente que o vocábulo templo conduz o pensamento em busca do Templo de Salomão, mas os templos modernos maçônicos não refletem o Templo de Salomão, a não ser em raros aspectos coincidentes. Não se poderá criar confusão entre os dois templos, nem em seu aspecto interno nem externo, contudo subsiste o ambiente espiritual.

Já dissemos que a Maçonaria moderna perdeu as pegadas deixadas pelos pedreiros-livres no que tange ao estilo de construção. Inexiste na atualidade um estilo maçônico, de modo que a forma externa de um templo maçônico não reflete de imediato a identificação de que ali existe Maçonaria. Alguns templos apresentam exteriorizados símbolos maçônicos, ora discretamente, ora com exuberância.

O Ritual do Grau de Aprendiz, adotado oficialmente pelo Grande Oriente do Brasil, detentor do maior número de Lojas, afastado de certa forma do ritual tradicional, contém os elementos suficientes para conduzir com perfeição uma Loja. Portanto, resta-nos verificar o que a Maçonaria atual compreende por Templo.

Disposição e decoração do Templo

O local de reunião da Loja chama-se Templo. Tem interiormente a forma de um retângulo. A parte do fundo, à qual se sobe por um degrau (ou por quatro pequenos degraus, se a altura da sala o permitir), chama-se Oriente, que é separado, à direita e à esquerda, por uma balaustrada.

A porta de entrada é no Ocidente, a meio da parede que faz frente para o Oriente. O templo não deve ter janelas ou outras aberturas, a não ser que por elas nada se veja do exterior. As paredes são decoradas em azul, havendo na frisa um cordão que forma, de distância em distância, nós emblemáticos no total de 81 e termina em uma borla pendente em cada um dos lados da porta de entrada.

O teto figura uma abóbada azulada, com estrelas formando grande número de constelações. Na parede do fundo, no Oriente, em um painel, são pintados ou bordados os astros do dia e da noite (sol e lua), ficando esta ao Sul e aquele ao Norte, e bem assim a estrela rutilante sobre um triângulo em fundo dourado. Este painel fica bem em frente à porta de entrada e sob um dossel de damasco azul celeste com franjas de ouro. Debaixo do dossel está a cadeira do Venerável, sobre um trono ou estrado ao qual se sobe por três degraus.

Na frente da cadeira fica uma mesa retangular, fechada na frente e nos dois lados por painéis de madeira, podendo haver no da frente um esquadro entrelaçado com um compasso. Sobre esta mesa estarão um candelabro de três luzes, um malhete, um exemplar da Constituição, do Regulamento Geral da Ordem, do regimento particular da Loja, do ritual e o necessário para escrita e as espadas.

A Bíblia é Livro Sagrado geralmente usado nas Lojas do mundo ocidental. Todavia, não é obrigatória, porque pode ser substituída por outro Livro Sagrado, visto que o Iniciado ou o Maçom tem o direito de prestar os Juramentos, que a Ordem exige, sobre o Livro de sua própria fé.

O Compasso tem a abertura de 45 graus e as pontas voltadas para o Ocidente.

Diante do altar dos juramentos, uma almofada azul com esquadro bordado a ouro.

À direita e à esquerda da cadeira do Venerável deve haver cadeiras de honra.

Próximo à grade do Oriente, ao Norte ou à direita do Venerável, há uma cadeira e uma mesa para o Orador e, simetricamente, ao Sul ou à esquerda do Venerável, uma cadeira e uma mesa para o Secretário.

Em cada uma dessas mesas há uma luz e um exemplar da Constituição, do Regulamento Geral da Ordem e do regimento particular da Loja.

No Ocidente, de cada lado da porta, há uma coluna oca, bronzeada, de ordem coríntia, com um capitel suportando três romãs entreabertas.

No fuste da coluna, à direita da entrada ou no Sul, deve estar gravada a letra B e no da coluna à esquerda ou no Norte, a letra J. Há sobre um estrado móvel e de dois degraus a cadeira para o 1º Vigilante’, e na frente desta uma mesa triangular que pode ter duas de suas faces revestidas por painéis de madeira, podendo nestes painéis estar gravado ou pintado um nível de pedreiro.

Na parte Sul, no meio, está a mesa do 2º Vigilante, sobre um degrau, semelhante à do 1º Vigilante, e decorada com um prumo ou perpendicular.

Sobre cada uma dessas mesas há um candelabro de três luzes, um malhete e um exemplar do Ritual.

À direita da mesa do Orador, por fora da balaustrada, há uma mesa triangular para o Tesoureiro, e simetricamente, à esquerda do Secretário, uma outra para o Chanceler.

Estas mesas podem ser revestidas de painéis simples.

Ao Sul e ao Norte, no Oriente e fora dele, estão bancos colocados longitudinalmente em duas ou mais linhas paralelas, conforme as dimensões do templo.

Os aprendizes sentam-se na última bancada do Sul e os companheiros na última do Norte.

Por extensão, dá-se o nome de colunas do Norte e do Meio-Dia ao conjunto dos irmãos que se sentam nas bancadas diante dessas colunas.

A Bandeira do Brasil, nas sessões magnas, é arvorada na balaustrada do Oriente, à direita do Orador.

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