Rui Bandeira – Portugal
15 dez 2014
Nos tempos que correm, quando o Homem se encontra mais preocupado com seu “umbigo”, existir alguém com a capacidade e a vontade em auxiliar quem necessita é uma das melhores atitudes que poderemos ter para com o nosso semelhante. E quando se auxilia alguém sem se esperar qualquer tipo de retorno por esse facto, atrevo-me até a dizer que é um ato de elevada nobreza por quem assim age. Ajudar-se apenas porque se quer ajudar não está ao nível de qualquer um.
Muitas vezes as nossas ocupações diárias, sejam profissionais ou familiares não nos permitem ter a disponibilidade temporal para o fazermos, outras vezes talvez, serão razões de ordem financeira que impossibilitam quem quer ajudar o fazer. Mas ter a vontade para tal, será sempre o “gatilho” que poderá despoletar o ato em si. Pode não ser hoje, pode não ser já amanhã, mas um dia o será…
E se para alguns terem a vontade de ajudar passa por terem passado por situações na sua vida que se assemelham à vida de quem querem auxiliar e assim mais facilmente poderem identificar quem podem ajudar e a forma de como o poderão fazer, outros será porque sentem que para preencherem a sua vida de forma plena, necessitam de praticar a caridade e ser beneficente com quem precisa. Cada um com a sua razão, cada um com toda a razão.
Para ajudar, não é necessário sequer existir um motivo, basta se ter vontade e capacidade para tal, que nem sequer será necessário se raciocinar muito para que se passe à ação.
E a Maçonaria, pela sua história e pela sua implementação no mundo, sempre teve a sua quota-parte no que toca a ser solidária com o seu próximo. Seja através da fundação de escolas, da doação de bolsas de estudo ou até mesmo da criação de hospitais para usufruto da população e principalmente das crianças em si (nos EUA é bastante comum tal); o facto é que a Maçonaria auxilia a população dos países onde se encontra implementada. E se algumas vezes tal auxílio não é mais visível na sociedade, é devido aos estigmas que existem ainda nos tempos em que vivemos, mas fundamentalmente, porque quem quer ajudar não necessita de o publicitar. É usual até se dizer maçonicamente que a “mão esquerda não saiba o que deu a mão direita”.
E isso encontra-se patente em sessão de Loja, no momento da circulação do “Tronco da Viúva”, em que a mão que depõe o óbolo se encontra fechada e sem mostrar o que se encontra no seu interior. Ninguém tem nada a haver com o que se oferece nem quem o faz. Nada ou ninguém questionará porque se o fez ou se o fez sequer. Se o fez, foi porque o poderia fazer e ficará apenas na consciência dessa pessoa o montante depositado na bolsa referente ao respetivo “Tronco da Viúva”. Se não pode participar nesse contributo, no problem, algum motivo preponderante teve para que assim o fizesse. Não cabe a um maçom fazer juízos de valor sobre a atitude do seu Irmão.
Algumas das aplicações do referido “tronco” são o apoio a instituições de caridade e beneficência que são patrocinadas pela Maçonaria e até mesmo algumas associações de cariz religioso que agem na sociedade em prol de quem necessita ou casos singulares que surjam e que se considerem válidos os motivos pelos quais devem ser auxiliados. Quando se quer ajudar, os “metais” não têm “cor, cheiro, nome ou dono”, o que é preciso é que sejam bem aplicados e recebidos por quem deles necessitam.
Numa Loja maçônica a quem compete gerir este “fundo monetário” é ao Irmão Mestre Hospitaleiro. Mas existe a possibilidade, e é comum ser habitual, se criar uma Comissão própria para ser melhor gerido ou até mais transparente este tipo de gestão (consoante a opinião dos respetivos membros da Loja). E geralmente os membros dessa “comissão de serviço” são o respetivo Venerável da Loja, o Irmão Tesoureiro e o Irmão Hospitaleiro. Dessa forma, estarão representados nessa comissão, quem preside a Loja, quem administra as finanças da Loja e quem tem a função de se ocupar com a aplicação da solidariedade da Loja.