A Importância da Beleza

 

Carolina Furtado

Esse texto foi baseado nas ideias e pensamentos do escritor e filósofo britânico Roger Scruton, é uma das principais figuras do conservadorismo inglês, possuindo amplo conhecimento na área da estética. Ele escreveu inúmeros livros, entre eles Beauty, The Meaning of Conservatism, Sexual Desire, entre outros.

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Com o advento da modernidade a sociedade passou por uma revolução no que se diz respeito à percepção do que é belo. Assim, no Sec. XX, a beleza deixou de ser um valor moral e a arte foi utilizada para quebrar tabus morais, tendo início ao culto a feiura.

Todas essas mudanças não tiveram influência apenas na arte, mas, também, na arquitetura e no comportamento humano. A linguagem, as atitudes e a arquitetura foram se tornando cada vez mais rudes, escandalosas, apelativas e, consequentemente, desprovidas de beleza.

Para os modernistas, a vida é repleta de sofrimento e caos, dessa forma a arte deveria externar a realidade do mundo. O “pai” da arte moderna foi Marcel Duchamp o qual é autor de “A fonte”, que é nada mais que um urinol com uma assinatura, tem influenciado vários artistas jovens até mesmo na atualidade. A partir dessa sua exposição, disseminou-se a ideia de que qualquer coisa ou ideia poderia ser arte, não sendo mais necessária a criatividade e a habilidade do artista.

Marcel Duchamp[5]A beleza, no mundo moderno, foi sendo substituída pela utilidade, sendo grande parte dessa alteração explicitada na arquitetura moderna. Dessa forma, a beleza, por ser inútil não teria mais espaço na atualidade, entretanto, a beleza tem um valor maior do que a utilidade, pois os padrões de beleza são firmados pela própria natureza humana, havendo a necessidade deste algo inútil que é a beleza, pois uma hora o útil se torna inútil, mas o inútil será sempre útil.

A arte clássica, que traz a beleza consigo, tem a função de refletir o cotidiano. Ela não nega que há sofrimento no mundo, no entanto, ela mesma, ao mostrar o caos e a dor, também trás a consolação para a tristeza. Assim, a arte, em sua essência, não é egoísta, pois ela consiste em dividir a percepção do artista sobre o mundo, como ele o vê e como o sente.

Desde os primórdios da civilização ocidental, filósofos perceberam a beleza como uma aproximação com o divino. Segundo Platão, contemplando a beleza com os olhos da mente você será capaz de nutrir a verdadeira virtude e se tornar amigo de Deus. Os seres humanos não são guiados apenas por instintos animais, tendo necessidade de harmonia e seus desejos morais e espirituais também necessitam ser buscados.

6Os artistas, como Rembrandt, conseguiam através de sua percepção das coisas mais simplórias do cotidiano, transparecer a beleza, como a beleza no olhar de uma de suas pinturas que transparece a alma da pessoa. Dessa forma, a vida é capaz de ser redimida, sendo a beleza encontrada mesmo nos piores momentos, de dor e sofrimento.

A beleza é capaz de redimir nossas tristezas, por meio dela que encontramos consolação para as tristezas e conseguimos modelar o mundo como nosso lar. Segundo Kant, quando se toma uma atitude desinteressada, passa-se a contemplar o que tem ao redor, esquecendo-se de si mesmo. Assim, para que possa ser percebida a beleza, basta parar de querer usar e entender as coisas, voltando-se apenas para contemplá-las.

 

 

 

 

 

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