Idico Luiz Pellegrinotti
17/12/2022
Ao falar sobre alguém, quando se utiliza aumentativo ou diminutivo, logo se pensa em se tratar de apelido ou de uma pessoa muito familiar. Mas, não é o caso do título deste artigo, é, sim, uma petulância minha, condenável? Pode até ser. Pois, estou sendo petulante, só porque o personagem que o chamo de “Vicentão”, por sua profecia ser tão certeira, que me dei ao direito de uma aproximação que não mereço, mas, está tão real com os acontecimentos no Brasil, que os tornou íntimo de cada brasileiro sonhador com uma conduta de honra.
O personagem a que me refiro é de nacionalidade holandesa e pintor perturbado, não se sabe o porquê. Mas, conseguiu retratar em cores os acontecimentos que viriam ocorrer 134 anos depois em nossa Pátria. Esse personagem é o excelente pintor Vicent van Gogh, que em 1888, com seus traços fortes e coloridos realçou, no estilo impressionista, Doze Girassóis numa Jarra; se o quadro, estático, exprime a beleza das cores, sem dúvida, era o prenúncio de uma cena com movimento maior que a força do vento, sendo retratada por corpos vivos, alegre e esperançosos. Qual não foi a surpresa, lá do infinito, do grande pintor, que em 2021, as manifestações coloridas de verde-amarela preencheram planícies, praias, praças e ruas deste país, simbolizando os traços impressionistas de uma apoteose que exalou alegria, patriotismo e liberdade. A beleza das cores dos girassóis de, se me permitem os leitores, Vicentão, se juntou às verde-amarelas das campinas brasileiras, as margaridas, formando um manto para proteger as futuras gerações.
O pintor vidente, nas minhas impressões, é em virtude de que, dois anos após pintar o Doze Girassóis, pinta em 1890, o quadro: Campo de Trigos com Corvos(1), carregado de verde-amarelo. Mas, sobre a planície, um céu carrancudo e, sobre as cores do nosso país, sobrevoam corvos com suas capas escuras, num voar ameaçador e aterrador, como uma caterva unida para atacar o manto das cores alegres realçadas pelo povo, com autoritarismo, difamações e prisões, tendo corvos apoiadores, vindo do mundo acadêmico, das grandes mídias, de ministros da Corte e de partidos políticos das trevas, agredindo o horizonte, como sendo o inferno querendo avermelhar o céu azul desenhado pelo pintor profético. Van Gogh, com toda sua sensibilidade, fecha o caminho, que só a moral e a ética do bem podem passar. A coincidência das pinturas, com as manifestações no Brasil, entre 2021, os girassóis, e 2022, o Campo de Trigos com Corvos, alertando para união de braços e corações exigindo uma pátria livre.
O sobrevoo dos corvos não é só um bater de asas, seus grasnidos, carregados de preconceitos expelem frases difamatórias e discursos intolerantes por políticos que não aceitam a beleza de uma manifestação do povo com as cores de girassóis e trigais, formada por famílias com pessoas de todas as idades. Essas ofensas formuladas por quem deveria respeitar os cidadãos, demonstram desrespeito às pessoas de bem e, ainda, transitam no mesmo espaço, que em época de eleições, pede votos para representar ideologia política com a maioria de seus representantes em julgamento. O mais triste é o uso de instituição oficial como escudo para insultar uma sociedade que canta com fervor o Hino Nacional, reza ao Bom Deus pedindo proteção, em quando na tribuna, políticos com seus rancores, mentem, e as lentes das grandes mídias se escondem.
Brasileiros, não há prisão para sonho de liberdade. Pois, mais uma vez, aparece o Vicentão para incentivar os girassóis dizendo: “Os pescadores sabem que o mar é perigoso e a tormenta terrível, mas este conhecimento não os impede de lançar-se ao mar.” Vicent van Gogh.
* Idico Luiz Pellegrinotti é Professor
** Artigo publicado na Gazeta de Piracicaba SP, -Opinião – dia 17/12/2022, pg. 2 e enviado ao site pelo autor.