Rui Bandeira
29 DEZ. 2014
29 DEZ. 2014
Estamos prestes a festejar o fim do Ano Velho e a assinalar o início de 2015, o Ano Novo das anualmente renovadas esperanças de que cada novo princípio seja o início de um período melhor do que o que o anterior.
Para quem viveu os tempos duros dos últimos anos em Portugal, parece evidente que 2015 só pode ser melhor, quanto mais não seja porque, como diz a canção popular, para pior já basta assim!
Mas se todos vamos tendo esperanças de que o fundo em que batemos já está para trás e o horizonte começa a desanuviar, também é tempo de equilíbrio. Saltar da depressão para a euforia é manobra perigosa, verdadeiro salto mortal das nossas expectativas de digna melhoria das nossas condições de vida. Não se salta da cama, vencida perturbadora gripe ou arrasadora pneumonia, para se ir logo correr a maratona… Primeiro há que reganhar forças, paulatinamente retomar a forma e então, sim, pode-se partir à conquista da nossa merecida coroa de louros, devida homenagem que, no meu entender, devia ser conferida a todos aqueles que completam os 42.195 metros da mítica corrida, como símbolo da superação pessoal que – seja no tempo que for, em primeiro ou último lugar – constitui essa dura prova.
Que 2015 seja por todos vivido com a Sabedoria do necessário Equilíbrio, para que todos possam avançar em passos seguros e não sofram dolorosas quedas!
Mas se o Equilíbrio, a meu ver, vai ser necessário, a Tolerância, essa, vai ser imprescindível.
Portugal vai viver todo um ano de luta eleitoral, de permanente campanha, de prolongada época do peculiar desporto “venatório” da caça ao voto, que é propício a excessos e clubismos que são tudo menos saudáveis.
O confronto de ideias é saudável. A exposição de diferentes perspetivas para os caminhos que coletivamente vamos percorrer é indispensável. Mas o exercício da cidadania e a prática da democracia que, felizmente mesmo em condições duras, todos nós demonstramos continuar a prezar, necessita, para ser plena e verdadeiramente livre, de ser acompanhado da Tolerância.
Tolerância para ouvir a exposição de outros caminhos e de outras ideias com que não nos identificamos. Tolerância para confrontarmos esses outros pontos de vista com as nossas escolhas, em ordem a melhorarmos estas com o contributo que porventura os pontos de vista diferentes lhe possam dar. Tolerância para perspetivar que possa suceder não sermos nós quem tem razão. Tolerância para, eventualmente, admitir que, mesmo que continuemos a achar que o nosso ponto de vista é o melhor, outra foi a decisão coletivamente tomada. Tolerância para entender que, mesmo que ter a maioria não seja sinónimo de ter razão, esta confere a quem a alcançou o direito de procurar demonstrar os méritos da sua escolha e do seu caminho. Tolerância para reconhecer aos que defendem ideias e posturas e caminhos que se apurar minoritários o direito de continuar a defender as suas ideias, as suas posturas, os seus caminhos, contraponto indispensável em democracia para manter a maioria no rumo certo e prevenir – tanto quanto tal é possível – os excessos que o poder da maioria é tentado a ter. No fundo, tolerância para reconhecer aos outros, a todos os outros, os mesmos direitos, a mesma boa-fé, que reivindicamos para nós.
Se cada um de nós e todos nós coletivamente formos capazes de viver 2015 com Equilíbrio e com Tolerância, estou certo que não será demasiado otimismo antever que – finalmente! – conseguiremos de novo ter um bom ano.
Que assim seja!
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