O economista Abraham Weintraub é
o novo ministro da Educação do governo Bolsonaro
Romero Cunha/Casa Civil
Economista ocupava secretaria-executiva da Casa Civil e compartilha do perfil ideológico do presidente
Paula Peres
08 de Abril | 2019
Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub é o novo ministro da Educação. Ele foi nomeado hoje, 8 de abril, por Jair Bolsonaro, no Twitter. Abraham é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), formado em Ciências Econômicas e mestre em Administração. De acordo com seu perfil na rede social LinkedIn, tem ampla experiência no mercado financeiro, e em 2016 coordenou a apresentação da proposta alternativa de reforma da Previdência Social formulada por professores da Unifesp.
O economista é próximo de Onyx Lorenzoni, atual ministro da Casa-Civil, e era secretário-executivo até então, cargo considerado “número 2” da pasta. Ele faz parte da equipe de Jair Bolsonaro desde a formação da equipe de transição, em novembro de 2018.
Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou que Weintraub “possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta”. A nomeação já vinha sendo pedida por apoiadores do governo com a hashtag #AbrahamnoMEC, mas seu nome não estava entre os cotados nos bastidores, desde os rumores da possível demissão de Vélez.
Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados.
Pouco depois, Bolsonaro postou uma correção ao tuíte anterior: “Corrigindo: Abraham possui mestrado em Administração na área de Finanças pela FGV e MBA Executivo Internacional pelo OneMBA, com título reconhecido pelas escolas: FGV/Brasil, RSM/Holanda, UNC/Estados Unidos, CUHK/China e EGADE-ITESM/México”.
Carreira e articulações no governo
Abraham é irmão de Arthur Weintraub, também professor da Unifesp. A dupla apoia o governo Bolsonaro desde 2017, quando foram apresentados ao então pré-candidato à presidência por Onyx Lorenzoni. A aproximação com Jair Bolsonaro teve como marco um texto sobre a independência do Banco Central, divulgado por Bolsonaro e assinado pelos irmãos.
Devido à proximidade com Onyx, há quem aposte em seu poder de articulação política. Segundo ele, o presidente ganha um “aliado leal” e um administrador competente e honesto no Ministério da Educação (MEC). Afirmou ainda que ele é uma pessoa muito importante nas tomadas de decisões do governo. De acordo com sua agenda, sua atuação na Casa Civil foi voltada para questões administrativas, tendo se reunido mais com cargos técnicos do poder executivo do que com parlamentares ou membros da cúpula do governo.
Em dezembro de 2018, durante a Cúpula Conservadora das Américas, Abraham disse que, a partir daquele momento, passou a sofrer represálias na Universidade onde lecionavam, e usou esse episódio como exemplo do que ele considera o “marxismo cultural” que deve ser vencido nas universidades. Ainda durante o encontro, Abraham defendeu o uso das teorias de Olavo de Carvalho para “derrotar a esquerda”, demonstrando ser mais um ministro que se aproxima ideologicamente do filósofo.
Em entrevista ao Estadão em agosto de 2018, Abraham defendeu sua postura política como desvinculada das classificações tradicionais. “Esquerda ou direita, acho que é uma rotulação pobre. Somos humanistas, democratas, liberais, lemos a Bíblia (Velho e Novo Testamento) e a temos como referência”, afirmou.
Antes de se aproximar de Onyx Lorenzoni, ele assessorou a candidatura de Marina Silva à Presidência da República em 2014.
Abraham Weintraub trabalhou dos 18 anos aos 47 anos no Grupo Votorantim, tendo chegado ao posto de diretor estatutário do Banco, CEO da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantin Securities no Estados Unidos e na Inglaterra. Ele também foi sócio na Quest Investimentos entre 2013 e 2014. Desde 2015, é diretor-executivo do Centro de Estudos em Seguridade (CES), presidido pelo irmão Arthur, que presta consultoria para empresas e publica a Revista Brasileira de Previdência. Segundo eles, desde julho de 2017 não mais aceitam trabalhos pelo CES para evitar acusações de conflito de interesse. Foi membro do comitê de trading da BM&FBovespa, conselheiro eleito da Ancord e membro do comitê de macroeconomia da Andima. Foi professor de Ciências Contábeis, Direito Previdenciário e Direito Atuarial na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), assim como o irmão.
Próximos desafios para o MEC
Abraham Weintraub pega um MEC paralisado e desorganizado, após muitas exonerações e desmandos. Um dos principais desafios do novo ministro será reorganizar e alinhar a equipe do MEC para apresentar um plano de ação ao setor. Além disso, deverá encaminhar o programa de Alfabetização do governo, realizar a próxima etapa do Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular, dar continuidade ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2021 e revisar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), devido ao seu vencimento em 2020.