É certo que ao longo dos 300 anos de História da Maçonaria, muito foram os momentos em que os Maçons foram perseguidos, intimidados e até mesmo mortos, pelo simples facto de o serem.
Quem conhece a história, vem-lhe imediatamente à memória as diversas bulas (desde 1738, foram publicadas 20 bulas e 4 encíclicas) que a Igreja Católica fez, perseguindo a Maçonaria e intimando os católicos a não aderirem à Ordem. Decorrente desta atitude, os Maçons foram sujeitos às torturas da Inquisição, tendo sofrido todo o tipo de maus tratos e até a morte.
A isto, acresce a atitude de regimes totalitários, que nunca viram com bons olhos o livre pensamento e o não poderem controlar a Maçonaria, sujeitando-a às formas de opressão que normalmente estão subjacentes a regimes deste tipo.
Ainda recentemente, numa conferência organizada pela Grande Loja Unida de Inglaterra, um historiador afirmou que se estima que o regime nazi tenha morto cerca de 200.000 Maçons, a maioria nos campos de concentração.
Em Portugal, os Maçons foram perseguidos religiosamente nos Séculos XVIII e XIX (e XX) e a Maçonaria foi proibida pelo Estado Novo em 1935 [1], tendo os seus bens sido entregues à Legião Portuguesa em 1937. Só viria a sair da clandestinidade após a revolução de 1974. Desde essa altura até aos dias de hoje, surgem periodicamente na Comunicação Social notícias não abonatórias sobre a Maçonaria, que, ou não correspondem à realidade, ou confundem os Maçons enquanto indivíduos, com a Maçonaria como Instituição.
Não confundamos a árvore com a floresta.
A generalização em Ciências Sociais, é algo quase impossível, porque se está a lidar com pessoas, e estas são todas diferentes. Se pensarmos um pouco, facilmente percebemos que, se os actos de um indivíduo colocassem em causa todas as organizações a que este pertence e esse anátema se estendesse a todos os seus membros, então não haveria ninguém que não fosse atingido, já que em todas as organizações, mais cedo ou mais tarde, aparece sempre uma “ovelha negra”.
A Maçonaria, ao longo dos tempos, também teve as suas “ovelhas negras”, mas também teve, e tem, milhares (milhões) de pessoas disponíveis para ajudar de forma desinteressada a que o mundo se torne um espaço melhor para todos vivermos. É estranho o sentimento de ter de lutar para poder ajudar os outros, mas esta parece ser a sina da Maçonaria, ao qual temos de pôr um término.
Recordemos o presidente honorário do Partido Socialista e antigo Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos, que em 10 Janeiro de 2012 considerou “estúpida” a ideia de obrigar políticos a declarar ligações maçónicas e frisou que a perseguição aos Maçons representa o regresso ao Portugal mais “nojento” dos tempos do salazarismo. António de Almeida Santos falava aos jornalistas na Assembleia da República, antes da sessão de lançamento de dois livros da sua autoria: “Elogio da Política, da República e da Globalização” e “Nova Galeria de Quase Retratos”, tendo afirmado o antigo ministro de Estado, visivelmente indignado:
“Isso é salazarismo puro. A perseguição aos membros da Maçonaria é uma coisa que não tem senso no Portugal de hoje. Mas o que é que é isto? É o regresso ao Portugal mais nojento? Sinceramente!!!”
Toda esta desconfiança, os boatos, as difamações, criam insegurança em muitos membros da Ordem, levando a que optem por não revelar a sua condição de Maçons.
Em Inglaterra, nos Estados Unidos, no Brasil, e noutros países, ser Maçom, não só é normal, como é um motivo de orgulho para os que o são. Em Portugal, temos de caminhar rapidamente para esta mesma situação. Vivemos tempos em que os maçons já se podem assumir como tal, e devem assumir-se. Só assim conseguiremos desfazer a aura de desconfiança que acompanha a Maçonaria e fazer dela um parceiro social visto como um membro positivo da sociedade.
É tempo de “sairmos do armário” e assumirmos o que somos. É tempo de dizermos abertamente:
Sou Maçom e tenho orgulho em ser Maçom
– Mestre Maçom – R∴ L∴ Conde de Oaraty, nº155 –
Grande Loja Legal de Portugal / GLRP