STEPHEN KANITZ
23/01/2023
Essa é a conclusão da maioria dos jornais de esquerda e centro-esquerda.
“O caso das Americanas, a irracionalidade capitalista e a necessidade da construção do socialismo” é o título de uma crítica do Esquerda Diário.
Vejamos os fatos.
Os primeiros prejudicados foram justamente os capitalistas que perderam tudo, 5 bilhões, como deveria ser no capitalismo.
Os capitalistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira estão sendo pressionados a aportar mais 10 bilhões para salvarem a empresa que quebraram.
Pelas regras do capitalismo os capitalistas são os últimos a receber, se sobrar alguma coisa.
No socialismo é o contrário, o Estado é um dos primeiros a receber, e estatais nunca pagam pelos seus erros, e sim o contribuinte.
Os segundos a serem prejudicados também são capitalistas, neste caso os banqueiros, que poderão perder 50%, mas eles sabiam disso quando emprestaram, chama-se risco de crédito.
Os trabalhadores provavelmente correm um risco bem menor de perderem um salário, o do mês anterior, mas todos em volta estão lutando para manter a Americanas em pé.
Mas se ela vier a ser liquidada, os trabalhadores de fato perderão seus empregos, e os salários perdidos até acharem um novo emprego.
Mas 80% dos melhores trabalhadores deverão conseguir novos empregos em três meses.
Os capitalistas jamais recuperarão o dinheiro que perderam, esse dinheiro se foi para sempre.
Os clientes da Americanas não perdem nada e isso é que é importante.
Isso porque no capitalismo existe livre concorrência, todos vão comprar no Magazine Luiza.
Restam os fornecedores que podem ou não ser prejudicados.
Mas o capitalismo criou a figura da Recuperação Judicial, onde em vez de liquidar a empresa numa falência, tenta-se dividir a empresa numa parte boa e numa parte podre.
A boa continua operando e comprando produtos para revender.
Ou seja, sem intervenção do Estado essa encrenca se resolve de uma forma bem mais satisfatória do que se escreve por aí.
Agora tem muito que ficou a desejar, mas isso por causa dos nossos professores de administração ou pelos alunos que faltaram às aulas.
Ensinamos fornecedores a não venderem toda a sua produção a uma empresa só, e muito menos com 180 dias de prazo de crédito como exigia a diretoria da Americanas.
Ferrar os fornecedores como fazia a Americanas, é de fato uma irracionalidade do Jorge Paulo Lemann, Marcos Telles e Beto Sicupira.
O racional capitalista seria a Americanas pagar seus pequenos fornecedores à vista, em troca de um bom desconto, repassando parte desse desconto aos clientes.
Mas Jorge Paulo Lemann e Sicupira eram economistas e não administradores de empresas.
Até aqui eu diria que o capitalismo foi muito racional, só perdeu quem sabia que poderia perder, o resto saiu ileso.
Outra característica do capitalismo é a obrigatoriedade de os capitalistas aportarem o Capital Social da empresa, o que deveria chamar a atenção de todo socialista.
Por que Capital Social e não Capital Privado?
Porque enquanto empresa o capital aportado é o social, pertence à sociedade, aos stakeholders da empresa.
Só volta a pertencer aos capitalistas quando a empresa fechar de vez.
Quanto maior o Capital Social, mais seguro todo mundo fica. Por isso trabalhe para uma empresa que possua muito capital e não pouco.
É assustador o número de trabalhadores e universitários que sequer analisa o montante de Capital Social da empresa em que pretende trabalhar.
Como é assustador a resistência dos socialistas em ensinar Administração Financeira no ensino Fundamental.
O que é irracional é vermos os três brasileiros mais ricos do Brasil, no final da vida, jogarem a sua história de bons administradores no lixo.
Acho que cada um de nós, mesmo sendo socialistas, com o dinheiro que eles têm de sobra, teríamos na surdina tapado o buraco da nossa má gestão, e não prejudicar tantas pessoas em sua volta, bancos que no passado os ajudaram.
Conheci Jorge Paulo Lemann quando ele me convidou para um almoço 40 anos atrás, (agora sei que era para me avaliar), e ele, do nada, me disse que era um Vulture Capitalist, um urubu predador.
Se disse isso para mim, deve ter dito para todos, razão para ficar longe.
Uma falha do capitalismo foi a piscada de olhos dos auditores da Americanas, mas falta de auditoria existe também no socialismo.
E essa falha se resolve exigindo que os auditores sejam escolhidos pelos minoritários e não pelos majoritários.
Do lado socialista temos a maior fraude contábil da história brasileira, ainda não detectado.
Que são os 46 trilhões de reais, repito 46 trilhões, que são nossas contribuições previdenciárias que entram no Caixa do governo, mas não são contabilizadas como Dívida Previdenciária a Pagar.
Alguém me explica essa falha do socialismo, antes de me criticar?
FONTE:
O Escândalo Americanas – Uma Falha do Capitalismo? – Stephen Kanitz
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