A Embrapa

 

 

…o que é e qual a sua importância

 11 / jan / 2020
Embrapa e sua atuação são um assunto recorrente no meio agrícola devido à sua importância. Mas você sabe exatamente por tudo que ela é responsável? Para não restar dúvidas, montamos este artigo bem detalhado sobre o que é a Embrapa, qual é a sua função e a importância dela para o setor rural. 

Leia até o final para aprender tudo sobre essa empresa tão fundamental para a agricultura e pecuária brasileiras.

O que é a Embrapa?

Embrapa é uma sigla que representa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, uma instituição de inovação tecnológica que tem como objetivo a geração de conhecimento e tecnologia para a agropecuária brasileira. Criada em 26 de abril de 1972, ela é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou MAPA. 

A Embrapa é uma das peças do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), também composto por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações. Todas essas trabalham em conjunto para executar as mais diversas pesquisas, tanto em diferentes áreas geográficas quanto em distintos campos do conhecimento científico.

Afinal, essa é a missão da Embrapa desde sua criação, como apontam em seu próprio site: desenvolver “um modelo de agricultura e pecuária tropical genuinamente brasileiro”, solucionando problemas e vencendo os obstáculos que limitam a produção alimentícia e de fibras e energia no país. 

Mais adiante iremos detalhar como a atuação da Embrapa auxilia os agropecuários brasileiros, sendo um dos pilares essenciais do sistema de produção nacional. Antes, saiba mais sobre a história e o processo de criação da instituição pelo Ministério da Agricultura.

Por que a Embrapa foi criada?

Na década de 1970, o país estava em crescimento acelerado da população e da renda per capita, o que aumentou exponencialmente a diferença entre a demanda e a oferta de alimentos e fibras. Além disso, também houve a abertura para o mercado externo, portanto era urgente a intensificação da agricultura no Brasil e dos investimentos nas ciências agrárias.

Na época, o Ministério da Agricultura foi o responsável por guiar o debate sobre a importância de apoiar-se o desenvolvimento do cultivo agrícola com conhecimento científico. Os profissionais rurais também participaram, trazendo à tona a falta de entendimento técnico para repassar aos agricultores.

Foi nesse momento que constituiu-se um tipo de comitê para estabelecer metas e funções da pesquisa agropecuária, identificando as limitações ao longo do processo e sugerindo medidas a serem tomadas para solucioná-las. Essas podiam ser indicações de fontes e meios de financiamento ou legislações mais adequadas que fossem garantir a dinamização dos trabalhos, por exemplo.

E então, vinculada ao Ministério da Agricultura, nasceu a Embrapa. Antes da sua criação, o Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação (DNPEA) era responsável pela coordenação de todos os órgãos de pesquisa existentes. Com a instalação provisória da Embrapa no Palácio do Desenvolvimento em Brasília, a empresa herdou a estrutura do DNPEA, composta de nada menos que 92 bases físicas. 

A Embrapa, agora responsável pela administração de todo o sistema federal de pesquisa agropecuária, teve sua fase operativa ampliada já no ano seguinte, em 1974. Foi então que os primeiros centros nacionais foram criados, divididos por produtos: Trigo (em Passo Fundo, RS), Arroz e Feijão (em Goiânia, GO), Gado de Corte (em Campo Grande, MS) e Seringueira (em Manaus, AM).

Hoje, a atuação da Embrapa se divide organizacionalmente entre Unidades de Pesquisa, Unidades de Serviços e Unidades Centrais, contando com quase 10 mil empregados, dos quais mais de 2,4 mil são pesquisadores. Seus centros de pesquisa estão distribuídos pelo Brasil, estando presentes em quase todos os estados, mas com o conhecimento produzido neles tendo alcance nacional.

Sabendo melhor o tamanho da instituição, confira a seguir como ela funciona.

O que faz a Embrapa?

Afinal, qual a função da Embrapa? Através do investimento no campo da pesquisa, a instituição objetiva antecipar cenários e gerar soluções para o setor agropecuário, fornecendo novos conhecimentos e focando em inovação. A Empresa avança cada vez mais com estudos, ações e informações qualificadas, tendo como meta o aumento da competitividade e da sustentabilidade agropecuárias. 

Ela também leva em consideração a diversidade da agricultura pelo país, pensando tanto no âmbito familiar e nas comunidades tradicionais quanto na esfera empresarial. Por causa disso, as informações geradas no processo de pesquisa contribuem na formulação e no aprimoramento das políticas públicas relacionadas ao setor.

Assim, juntamente às suas instituições parceiras já mencionadas, a Embrapa realiza inúmeras ações e campanhas informativas e promocionais. Dentre o material abordado, práticas sustentáveis e novas tecnologias para o setor agropecuário estão em destaque, sendo questões urgentes do ambiente rural.

Essas campanhas são muito importantes tanto para a atualização dos profissionais com as novidades desenvolvidas no seu setor de trabalho quanto, em alguns casos, para a conscientização da própria população sobre o que está acontecendo em um setor tão importante da economia nacional.

E é nesse momento que a aliança com as demais organizações do SNPA (o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária que mencionamos lá no início) se torna fundamental. Para que a produção e distribuição de conhecimento da Embrapa seja viável, o apoio dos parceiros públicos e privados é indispensável. São eles que tornam possível as pesquisas, a assistência técnica, a comercialização e o cooperativismo, dentre outras atividades, inclusive trabalhando em conjunto nos níveis estaduais e municipais.

Um esquema das alianças estratégicas da Embrapa, representando a rede de apoio à Pesquisa e Desenvolvimento e à Transferência de Tecnologia.

embrapa

(Créditos/Imagem: Embrapa)

As ações promovidas pela Embrapa e seus parceiros são dividas em quatro categorias segundo a própria instituição, confira:

Pesquisa e Desenvolvimento

Pesquisa, desenvolvimento e inovação: esses aspectos são a base da Embrapa. Consequentemente, uma boa porção das pesquisas são transformadas em produtos, processos, serviços, metodologias, sistemas e práticas agropecuárias.

Dos quase 2,5 mil pesquisadores que compõem a equipe, a Embrapa confirma que 84% deles possuem doutorado ou pós-doutorado por universidades do país e do exterior. São profissionais extremamente qualificados que também atuam na rede de instituições do SNPA e com outros pesquisadores de diferentes partes do globo.

E a infraestrutura contribui para o desempenho dessa função com excelência, com a Diretoria-Executiva de Pesquisa & Desenvolvimento coordenando a atuação da Secretaria de Pesquisa e Desenvolvimento (SPD). As Unidades Descentralizadas também auxiliam na coordenação, enfocadas em suas próprias missões.

Todas essas peças trabalhando em conjunto resultam em uma produção científica renomada, que ocupa lugar de destaque no Brasil e no mundo. Os conhecimentos produzidos são distribuídos por meio de livros, cursos, palestras, artigos científicos, periódicos técnicos e outros.

Tecnologia

Como visto, a Embrapa inclui os mais diversos segmentos da agropecuária na hora de desenvolver suas pesquisas. Esse conhecimento construído em conjunto respeita a diversidade ambiental e social brasileira, promovendo a sustentabilidade da agricultura do país.

Para isso, ela faz uso das seguintes estratégias:

Transferência de Tecnologia (TT)

A aplicação de soluções tecnológicas faz parte do processo de inovação. Nessa etapa, diversas estratégias de comunicação e interação são utilizadas, objetivando a dinamização de arranjos produtivos, mercadológicos e institucionais.  

Intercâmbio de Conhecimento (IC)

Aqui entram em ação os saberes tradicionais ou conhecimentos tácitos. É um processo interativo que permite a adaptação de tecnologias e conhecimentos científicos já existentes a contextos característicos. A interpretação ocorre de acordo com realidades específicas e valores particulares.

Construção Coletiva do Conhecimento (CC)

Sendo um processo dialógico assim como o IC, a construção coletiva do conhecimento acontece a partir da observação da realidade por agentes que, junto às pessoas do local, sistematizam as informações obtidas, buscando soluções tecnológicas que sejam compatíveis com o contexto da aplicação. Não apenas é uma interação rica em informações de ambos os lados, como demonstra respeito pelas comunidades consultadas.

Essas três estratégias são coordenadas pela Diretoria-Executiva de Inovação e Tecnologia que supervisiona a Secretaria de Inovação e Negócios (SIN). Das Unidades Descentralizadas que também ajudam na coordenação, as mais importantes são a Embrapa Informação Tecnológica e a Embrapa Produtos e Mercado.

No exterior

Sob a coordenação da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), a atuação internacional da Embrapa existe desde sua fundação. Hoje, está presente em todos os continentes, tendo uma sólida rede de cooperação e parcerias com algumas das principais redes e instituições de pesquisa do mundo.

Essa abordagem é coerente com o programa de cooperação governamental, que busca compartilhar e adaptar tecnologias nacionais às realidades tropicais de outros países. Na verdade, é uma troca mútua, onde se pensa tanto na prosperidade do setor brasileiro, com o auxílio de tecnologias estrangeiras de ponta e pioneiras, quanto também no amparo aos países que estão em condições menos favoráveis que o Brasil. Sendo assim, a cooperação é multilateral e contribui para diminuir a pobreza e a fome presentes em nações da África, da América Latina e do Caribe.

Futuro

A missão da Embrapa é contribuir de forma contínua com o avanço do setor agropecuário. Para isso, o futuro tem que ser antecipado com o mapeamento de cenários e possíveis consequências.

Para tal, a Empresa conta com o Agropensa, seu Sistema de Inteligência Estratégica que prospecta, captura e mapeia tendências. Ele é dedicado a produzir e difundir conhecimentos e informações, apoiando as estratégias de PD&I desenvolvidas para a própria Embrapa e empresas parceiras.

Qual a importância da Embrapa?

Com todo o esforço das ações da Embrapa ao longo de quase 50 anos, o Brasil se transformou – e muito – desde sua implementação. Por causa dela, a agropecuária brasileira já foi considerada uma das mais sustentáveis e eficientes do mundo. 

Um exemplo disso foi quando houve a incorporação bem-sucedida de uma ampla área de terras degradadas dos cerrados aos sistemas produtivos, o que transformou a região antes improdutiva em uma área responsável por quase metade da produção de grãos do país.

Com essa e outras conquistas, o Brasil deixou a condição de importador de alimentos básico para tornar-se um dos maiores produtores e exportadores mundiais. Basta verificar os números ao longo do tempo: eles demonstram a ampliação da oferta de frango em 22 vezes e a quadruplicação da oferta de carne bovina e suína.

Todas esses avanços só foram e continuam sendo possíveis por causa do forte investimento na Embrapa e, consequentemente, nas pesquisas acadêmicas. Como abordado nesse artigo sobre análise do solo, agricultura não é um jogo de sorte. Resultados reais e duradouros só são possíveis se as estratégias montadas pelos profissionais são apoiadas por dados científicos concretos e, acima de tudo, confiáveis. 

A Embrapa trabalha com dezenas de cadeias produtivas, distribuídas em todas as frentes do processo agropecuário, gerando benefícios socioeconômicos e ambientais para toda a sociedade brasileira. É referência mundial em agricultura tropical e é nosso amparo diante dos grandes desafios que o setor deve enfrentar nos próximos anos.

 

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