Bela Adormecida

 percebe que universidade não é príncipe encantado

Roberta Simão
Junho 15, 2020

Talvez o professor tenha confundido o curso, ou o papel da educação, ou, ainda, ele seja mais um dos que vergonhosamente usam a educação como arma ideológica”.

Dormi acreditando ser acadêmica de administração – afinal foi para isso que me matriculei -, até que resolvi me inscrever em um dos componentes curriculares do curso, e então eu acordei.

Na foto (abaixo) é possível ver o plano de curso da disciplina que me intriga. Talvez o professor tenha confundido o curso, ou o papel da educação, ou, ainda, ele seja mais um dos que vergonhosamente usam a educação como arma ideológica. Na grade curricular, ela se chama “Tópicos Avançados em Administração”, mas talvez o professor tenha confundido com tópicos avançados em militância e pensamento revolucionário.

 

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“Debate e tira-dúvidas / Síntese da Unidade (18/06/2020 – 18/06/2020)

Trabalho em Dupla/preparação seminários (19/06/2020 – 19/06/2020)

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A Barreira entre os Gays e o Mercado de Trabalho.pdf

A Masculinidade Tóxica e Seus Impactos Na Vida Dos Gays Dentro das Organizações.pdf

A Mulher na Economia Solidária Um Ensaio sobre as Contribuições do Feminismo (Pós)colonial para o Estudo de Formas Alternativas de Organização Produtiva.pdf

As Mulheres Conforme as Ciências Administrativa Uma Ciência para a Manutenção da Opressão e da Exploração.pdf

Carreira de Comissários de Voo e as (I) Mobilidades de Classe Social, Gênero e Sexualidade.pdf

Inclusão Produtiva de Pessoas com Autismo – o Caso da Auticon.pdf

Linkamos a Diversidade com o Negócio – A Gestão da Diversidade pela Ótica da Alta Gerência.pdf

O Cenário da Inclusão de Pessoas com Deficiência em Organizações Públicas.pdf

Preconceito Maguiado – o Racismo no Mundo Fashionista e da Beleza.pdf

Transgêneros, Transexuais, Travestis e trabalho – um diálogo possível no campo da Administração.pdf

Reflexões sobre a Inclusão de Minorias Sociais nas Organizações de Trabalho.pdf

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Organizações, trabalho e minorias: discussão inicial (23/06/2020 – 23/06/2020) vídeo: Discriminação racial no ambiente de trabalho https://www.youtube.com/watch? v=z9wje92Etn0

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Não que isso seja incomum, especialmente nas universidades. Na verdade, como aluna, desde muito cedo notei que a educação era usada para fins além daqueles para os quais foi feita. Um professor bravejando contra o capitalismo aqui, outro endossando a ideologia de gênero ali. Tudo muito sutil, afinal a revolução precisa mesmo de uma maneira sutil de disseminação, pois de forma escancarada suas pautas são absurdas demais, jamais seriam aceitas, especialmente no período escolar que vai até o ensino médio, já que os pais costumam – ainda que nem tanto – estar mais presentes, acompanhando os estudos dos filhos.

No entanto – e não escondo minha surpresa -, a sutileza, o que restava de dignidade dos revolucionários, é abandonada no meio acadêmico, como descobri. A todo custo tentam impor esse pensamento deturpado, ignorando até o senso do ridículo e com tamanha agressividade e tom ameaçador, que quem precisa ser discreto em suas convicções são os conservadores, cristãos, ou qualquer um que apresente uma mínima discordância.

A forçação de barra é tão grande que a penúltima sugestão de pesquisa para apresentação de seminários precisa lembrar que se você se esforçar bastante, vai enxergar a suposta possibilidade de relacionar questões de gênero e sexualidade à administração: “Transgêneros, Transexuais, Travestis e trabalho -um diálogo possível no campo da Administração”. Aliás, tudo isso reforça minha suspeita de que não houve confusão alguma quanto à natureza da disciplina por parte do docente, mas uma tentativa deliberada – e que pelo visto será bem-sucedida – de impor pautas político-ideológicas em sala de aula. Um ataque à liberdade de consciência dos discentes, uma atuação vergonhosa de um militante travestido de profissional educador.

Quando ingressei no meio acadêmico, compreendi mais exatamente o que Ana Caroline Campagnolo quis dizer quando denunciou o uso que a revolução faz da educação para alcançar seus objetivos, e talvez Phyllis Schlafly não tenha sido tão radical quando disse que as alunas universitárias deveriam considerar o exato oposto do que é ensinado pelos professores.

Contudo, quem dera o ridículo e a doutrinação fossem os únicos problemas. O que não se discute nos debates onde só uma voz é ouvida e permitida – a revolucionária – é o que acontece com os alunos que, de forma corajosa, decidem de fato debater os temas, mostrando o contraditório. O que acontece a um aluno que, ao apresentar um seminário com tema como um dos propostos, decida mostrar que o feminismo não foi senão um veneno à sociedade de forma geral, sendo contribuinte apenas da degradação moral? E ao aluno que queira demonstrar o quão ridícula é a ideia de masculinidade tóxica? E se o aluno ao menos questionar a relevância ou necessidade da discussão desses temas em um curso que deveria formar apenas e exclusivamente bons gestores, o que acontece?

A tolerância pregada pelos grupos revolucionários há muito não é digna de crédito, haja vista sua hipocrisia escancarada, que persegue, ameaça e até agride o que se mostra discordante. Assim, resta ao aluno conservador, cristão ou que possui uma mínima honestidade intelectual fechar os olhos e seguir rumo ao seu diploma, pois do contrário poderá estar cometendo suicídio acadêmico, embora me pareça mais justo chamar de homicídio (doloso) acadêmico.

TAGS: ESCOLA SEM PARTIDO,
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MILITÂNCIA,
UNIVERSIDADE

 

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