TERCEIRA VIA QUER, MESMO, ACABAR COM AS DIVISÕES POLITICAS NO BRASIL?

 

Percival Puggina
04/03/2022

    Quando a esquerda ganhou status e representação política, ser de esquerda significava trazer acima do colarinho ideias oxigenadas no altiplano da sabedoria. Nenhum politólogo aparecia para dizer que esquerda e direita compunham uma classificação vazia, sem qualquer significado político objetivo. Pense numa coisa boa. Pois isso era “a” esquerda. A direita era o contrário.

    Ah, os anos dourados do petismo e do esquerdismo prêt-à-porter! Industrializado no mundo acadêmico para servir à causa, significava ser a favor de tudo de bom! A essas alturas, éramos poucos os que falávamos sobre as invasões, as greves políticas, as reputações friamente assassinadas, a tolerância para com a criminalidade, os braços fora da lei que prepararam o caminho para o poder. A sociedade já se habituara a esse cardápio.

    Instalada a esquerda nos palácios do Planalto Central, o inevitável aconteceu, reproduzindo um século de história do esquerdismo mundial. Não preciso evocar tragédias morais. Terão sido elas que derrotaram a esquerda brasileira em 2018? Não. Parcela expressiva da nossa sociedade não deveria, mas convive bem com a corrupção. O que derrubou a esquerda e fez renascer seu oposto foi perceber o esquerdismo impondo um turbilhão de pautas cujo produto final seria a varredura de valores apreciados pela ampla maioria da sociedade.

    Refiro, entre outros, o direito à vida desde a concepção, a proteção das crianças e de sua inocência, a instituição familiar, a fé e a liberdade de culto, o combate às drogas, o direito de defesa com uso de armas, a igualdade de todos perante a lei, a liberdade de expressão, o direito de propriedade, a recusa aos despautérios da ideologia/pedagogia de gêneros e bandido na cadeia.

    Esse enfrentamento é um fenômeno político recente no Brasil. No entanto, bastou que se manifestasse para começar seu descredenciamento. Havia um rótulo pronto, impresso nas gráficas que atendem o marketing esquerdista.  Nele está escrito “extrema direita”, “fascista” e outras gracinhas congêneres. Entendi: direita e esquerda existem no mundo inteiro, em todas as eleições, nos parlamentos e nos noticiários. No Brasil, só a extrema direita tem reconhecimento acadêmico. Dá-me forças Senhor!

    De uns meses para cá, insiste-se em que a sociedade está dividida e, claro, a culpa é dos conservadores e liberais da tal “extrema direita”. Quem não vê nisso a terceira via procurando trilho para a locomotiva que não tem, vendendo o mesmo produto esquerdista com outra marca?

     

     

    Percival Puggina (77),
    membro da Academia Rio-Grandense de Letras,
    é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
    www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.
    Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
    Pombas e Gaviões;
    A Tomada do Brasil.
    Integrante do grupo Pensar+.

    Facebook Comments

    Deixe uma resposta

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *