JULIO MESQUITA FILHO

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“Um bravo entre os bravos”
No drama da Revolução Constitucionalista, o maior e mais belo acontecimento cívico do Brasil, no século XX, não conheço ninguém que se tenha distinguido mais do que Júlio de MesquitaFilho**.

Não sei onde ele se tornou mais evidente, se na primeira fase ou na segunda. Na primeira, sem pertencer a nenhum partido político, empenhado no movimento, agia em São Paulo, no Rio e no Sul.

Em entendimentos com militares e civis, nestes, até com estudantes, ele conspirava abertamente. Foi assim na intentona conhecida pelo nome de abrilada em 28 de abril de 1931.

… Atuou ao lado do senador Álvaro de Carvalho, como um das coadjuvantes na formação Frente Única Paulista.

Na redação de seu grande jornal, chegou a organizar-se uma sociedade secreta, para a conspiração, dela fazendo parte Pereira Lima e o tenente Serpa.

Em seguida, com seu irmão Francisco, fez parte de outra histórica organização secreta de 27 membros, a MMDC***antes Guarda Paulista.

Ao mesmo tempo, foi escolhido com Ataliba Leonel, Coriolano de Góes e Cesário Coimbra para o primeiro Comitê Executivo da Revolução.

No rompimento do movimento, às 23;30 do 9 de Julho de 1932, na Chácara do Carvalho ex-residência do Conselheiro Antonio Prado, sede provisória da Segunda Região Militar, ele está presente ao lado do primeiro comandante Coronel Euclides de Figueiredo, e de outras figuras militares e civis, Silvio de Campos, Roberto Moreira, Edgard B. Pereira, E. Souza Leão entre outras.

Integrando o estado maior do coronel Euclides ruma com ele para o setor do Vale do Paraíba já empenhado na luta.

E sempre ao lado do Coronel Euclides, militar bravo como um leão, participa de sérios entreveros

Apenas lembrarei rapidamente um, por exemplificação, no qual o perigo da morte não entra em cogitação.
Euclides parte de Cruzeiro para a linha de combate, além de Vila Queimada, lá num trem formado locomotiva e um vagão. Na sua companhia, o major Gaia, Júlio de Mesquita, Roberto Moreira, mais dois civis, além de duas praças. Logo à saída do trem surgem, no céu limpinho, dois vermelhinhos que, o metralham em piquê

Ao chegar o trem à pequenina estação de Lavrinhas os terríveis inimigos descem de novo e metralham a plataforma de telha vã, onde apearam todos.

Enquanto Euclides e Gaia fitam impavidamente de binóculo os aviões, Júlio obriga as duas praças a desfecharem os seus fuzis contra os inimigos. E os demais da comitiva abrigam-se debaixo da própria locomotiva.

Sem dúvida que foram poucos os que se bateram com brio e impavidez nas inúmeras linhas de fogo, na terra, no ar, e até no mar. Aqui mesmo, entre os vivos da nossa academia estão presentes dois notáveis, excelentes e autênticos soldados rasos da revolução: Lucas Garcez e Ernesto Leme.

Mas com relação a Júlio de Mesquita Filho, repito como comecei não conheço ninguém que se houve distinguido mais do que ele.

Ele foi inegavelmente um bravo entre os bravos. Se fosse admitido prosseguir na evocação dos acontecimentos daquele ciclo revolucionário que só muito mais tarde alcançaria o seu termo final, eu lembraria haver sido ele um dos maiores mártires da ditadura Vargas que tingiu de negro as páginas de nossa história, sofrendo encarceramentos em lôbregas prisões, dois longos exílios e a perda, por anos de seu grande jornal “O Estado de São Paulo”.

Aureliano Leite

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo

 

** O Irm Júlio de Mesquita Filho foi Jornalista e político liberal. Um dos mais importantes líderes da Revolução Constitucionalista de 1932, mas essa foi apenas uma das tantas lutas, em sua vida. Seu pai também figurou como um dos membros da Maçonaria – tsmaia

*** A morte de quatro estudantes paulistanos Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – MMDC – em 23 de maio de 1932 leva à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização. Wikipedia

Você sabia?
Que Julio de Mesquita Filho Passou anos sem saber que, como diretor de O Estado , tinha um salário menor que alguns editores. Foi preciso um de seus funcionários descobrir o absurdo e propor um reajuste para o proprietário. “Bem que eu achei que ganhava pouco, mas seria deselegante pedir um aumento para mim”, comentou. da Revista Isto É

09 julho 2014

Queridos,

É sempre lembrada especialmente, no dia 9 de julho, a Revolução de 1932.

É o Símbolo máximo do heroismo dos paulistas, ao lado dos quais se mantiveram leais, apenas, os mato-grossenses.

Esta ocorrência é equivalente para os gaúchos à revolução Farroupilha, para os baianos essa data corresponde ao dois de julho e à revolução de 1817 para os Pernambucanos Todas contaram com a participação de maçons ilustres. (veja)

Assim, os termos:- a Revolução de 32 ou Guerra Paulista referem-se ao movimento ocorrido no Brasil naquela data Magna do Estado de São Paulo.

Eclodiu após a execução 4 estudande cujas iniciais são MMDC (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo) Eles foram sacrificados pela forças de Getúlio Vargas. Um 5º estudante (Alvarenga) ferido na ocasião, faleceu, meses depois. Visava à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição da Liberdade de um regime constitucional. Fora suprimida Constituição de 1891, dois anos antes.

Esse movimento é tido como o maior conflito militar da história brasileira no século passado. Apesar de derrotada, ela se transformou em vitória política, pois Getúlio Vargas iniciou a partir do evento o processo de reconstitucionalizar o país, levando à promulgação, em 1934, de uma nova constituição. A liderança paulista do movimento se refugiou no exílio. Do lado dos revoltados contaram 634 mortos, (Houve estimativas de mais de 1000). Do lado federal, os dados não foram liberados.

SDS fraternas
tibério sá maia

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