Conceição Evaristo.
Quando eu morder
A palavra,
Por favor,
Não me apressem,
Quero mascar,
Rasgar entre os dentes,
A pele, os ossos, o tutano
Do verbo,
Para assim versejar
O âmago das coisas.
Quando meu olhar
Se perder no nada,
Por favor,
Não me despertem,
Quero reter,
No adentro da íris,
A menor sombra,
Do ínfimo movimento.
Quando meus pés
Abrandarem na marcha,
Por favor,
Não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
Deixem-me quieta,
Na aparente inércia.
Nem todo viandante
Anda estradas,
Há mundos submersos,
Que só o silêncio
Da poesia penetra
Maria da Conceição Evaristo de Brito
é uma escritora brasileira.
Ela nasceu em uma família pobre e
é a segunda de 9 irmãos, sendo a primeira de sua casa
a conseguir um diploma universitário.
Ajudava sua mãe e sua tia com lavagem de roupas
e as entregas, enquanto estudava.
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