Resumo da mentalidade política moderna

 

 

Marco Frenette
24/04/2023

 

 

Salvo raras exceções, nas quais a direita conseguiu impor sua vontade e impedir a esquerda de implementar seus projetos criminosos, a história política moderna tem comprovado, de modo empírico e inequívoco, que:

 

1 – A esperteza, a resiliência, o cinismo, a delinquência e a amoralidade da esquerda têm sido ferramentas eficientes para alcançar o poder;

2 – A inteligência, a hesitação moral, a cultura do adiamento (a espera do mítico momento de agir com a ilusória estratégia perfeita), e a pretensão da direita têm sido ferramentas inadequadas para alcançar o poder.

 

Dessas duas verdades históricas modernas, tira-se mais duas:

 

3 – A esquerda, quando é retirada do poder, consegue retomá-lo em tempo recorde, contrariando todas as probabilidades e todas as previsões;

4 – A direita, quando alcança o poder, o perde em tempo recorde, assemelhando-se a um cometa de pouca duração.

 

A principal desculpa mundial da direita para tal assimetria vergonhosa é esta:

 

5 – A direita tem um conjunto de virtudes morais que a impede de agir como a esquerda age; e, portanto, a esquerda termina vencendo por jogar sujo.

 

Essa desculpa é muito fraca, uma vez que:

6 – “Virtude” que permite que o mal cresça e vença, não é virtude, mas covardia e omissão disfarçadas de virtude;

7 – É perfeitamente possível vencer o mal sem se igualar a ele, e usando as mesmas ferramentas e estratégias.

 

Historicamente, a direita tem dificuldade de entender a postura suicida contida no item 5, e raras vezes aplicou as verdades dos itens 6 e 7, porque:

 

8 – Atribui erroneamente “virtude” e “moral” aos objetos e às estratégias, e não ao tipo de uso dos mesmos objetos e estratégias.

 

Vamos traduzir essa afirmação do item 8 por meio de dois exemplos:

 

9 – Um policial que atira contra um bandido armado não está se igualando moralmente ao bandido porque usou o mesmo objeto elegido pelo bandido: a arma de fogo;

10 – Um político honesto que destrói a reputação de um político bandido usando a verdade dos fatos não está se igualando ao político bandido que destrói a reputação de um político honesto por meio de mentiras. Porém, ambos estão usando a mesmíssima estratégia.

 

Mais recentemente, uma outra desculpa surgiu para defender o hábito da direita de manter as calças abaixadas:

 

11 – A esquerda já aparelhou de tal modo as instituições e a cultura, que nada resta a fazer a não ser resistir, mas bem moderadamente para não provocar a fúria do monstro.

 

Essa é uma meia verdade, porque:

 

12 – Boa parte do poder da esquerda é blefe. Ela diz que tem poder, e todos obedecem, e, paradoxalmente, o falso poder se torna real, e o sofrimento, censura, prisões e medo se tornam também reais. Mas a direita tem muita culpa nisso, por permitir o crescimento do mal até o ponto de ser quase impossível enfrentá-lo;

13 – Se o aparelhamento da esquerda fosse total, não aconteceria a chegada dos conservadores ao poder, como vimos em vários países nas últimas duas décadas. E todos eles já perderam o poder, mas a culpa não foi da esquerda, mas da própria direita.

 

E por que a culpa foi da direita? Há vários motivos, todos com base no equívoco histórico da direita de confiar na sua superioridade moral. Porém, esse erro se destaca:

 

14 – Quando a esquerda está no poder, ela trata a parcela honesta dos políticos e da população como criminosos; e a direita, quando está no poder, se desmancha em explicações e justificativas para a parte desonesta dos políticos e da população, relutando em fazer o que deve ser feito. E de relutância em relutância, acaba descobrindo que é tarde demais.

 

 

*      Reproduzido da excelente página do autor,

Marco Frenette, no Facebook.

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